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Olá!
As vacinas contra a Covid-19 têm sido apresentadas como a solução para a pandemia [ver fonte].
Não vou aqui dizer o contrário, mas vou relembrar o que disse em Novembro do ano passado, para pôr um pouco de água na fervura [visitar]:
Mesmo que tudo corra bem e seja o mais rápido possível, é depois preciso conseguir ainda produzir e administrar milhões de doses de vacina. Os laboratórios farmacêuticos têm uma capacidade de produção limitada. Por exemplo, a Moderna anunciou quinhentos milhões de doses por ano, o que não chega para vacinar sequer dez por cento da população mundial [ver fonte]. Para a Europa, estão reservados oitenta milhões de doses [ver fonte], o que permitiria cobrir menos de dez por cento da população europeia (não esquecer que a Moderna referiu que seriam provavelmente necessárias duas doses de vacina por pessoa [ver fonte]). Por muito que aumentemos a capacidade de produção, nem toda a gente vai poder ser vacinada de imediato.
Até porque, mesmo que tivéssemos um fornecimento ilimitado de vacinas, teríamos ainda o problema de operacionalizar a sua administração. Não temos doses infinitas, mas também não temos enfermeiros infinitos, para as administrarem às pessoas; nem temos instalações infinitas, para os enfermeiros fazerem o seu trabalho; planear, criar condições para a execução e executar de facto toda a operação de vacinação leva o seu tempo. Por muito rápidos que sejamos, estamos a falar de meses.
[…]
Mas não basta analisar a eficácia inicial da vacina. É preciso saber se essa eficácia é duradoura. Ainda não sabemos muito sobre a imunidade produzida pela infecção pelo coronavírus, mas os estudos existentes até à data não nos permitem assumir que as vacinas produzam imunidade duradoura [ver fonte]. Por outras palavras, pode ser necessário vacinar a população todos os anos, para garantir a continuidade da imunidade.
Resumindo e concluindo, há demasiadas incógnitas e demasiados obstáculos, para podermos dizer com segurança que a vacina nos permitirá retomar a vida que tínhamos antes da pandemia, muito menos já para o ano que vem.
Isto continua válido. Mas, a este problema logístico, acresce um outro problema, de que também já falei em Fevereiro passado [visitar]:
Aos obstáculos que eu elenquei na altura, junta-se mais um: o aparecimento de novas variantes do coronavírus. Tal como eu disse, na altura, a rápida mutação do vírus causador da sida é um dos motivos pelos quais não temos — e possivelmente nunca viremos a ter — uma vacina contra essa doença. No caso do coronavírus, a velocidade a que ocorrem mutações é mais baixa e isso facilita a vida às vacinas.
[…]
Apenas o futuro dirá quem ganhará esta corrida: nós ou o coronavírus. Mas uma coisa é certa: mesmo com vacinas, lavar as mãos, usar máscara e manter o distanciamento continuam a ser as melhores armas que temos contra o coronavírus.
Dito isto, coloca-se uma questão: ainda que a vacina ainda não tenha chegado a toda a gente, o que nos impede de generalizar a retoma da vida normal, que tínhamos até ao fim de 2019, quem já está vacinado pode fazê-lo? Ou seja: quem já foi vacinado pode deixar de usar máscara?
A Orientação da Direcção-Geral da Saúde sobre o assunto [ver] permanece inalterada. O mesmo é dizer que as recomendações quanto ao uso de máscara, em Portugal, não se alteraram, por causa da vacina.
No entanto, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças [visitar] emitiu no passado dia 21 de Abril um guia provisório [ver] sobre a utilização de máscara por pessoas vacinadas. Em resumo, as novas recomendações do ECDC são:
Já é melhor do que nada. Mas a responsabilidade individual de cada em se proteger e em proteger os outros continua a ser a coisa mais importante na luta contra a Covid-19.