Silhuetas
Fotografia por Manuel Varzim
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Olá!
Variantes, há muitas! As pessoas não são todas iguais; podemos dizer que os filhos são variantes dos pais. Da mesma forma, cada nova geração de vírus pode não ser exactamente igual à geração predecessora.
No caso dos seres humanos, a variabilidade é maior porque a nossa genética é mais complexa e a nossa reprodução, sendo sexuada, também. No caso dos vírus, a principal fonte de variabilidade são as mutações genéticas e, por isso, a variabilidade é menor.
Mas este grau de variabilidade não é igual em todos os vírus; e, nessa matéria, estamos com sorte: o coronavírus que provoca a Covid-19 tem uma taxa de mutação mais lenta do que outros vírus do mesmo género, nomeadamente metade da do vírus da gripe e um quarto da do vírus da sida. Estima-se que o SARS-CoV-2 (assim se chama o coronavírus da Covid-19) sofra duas mutações por mês, em média [ver fonte].
Cada mutação dá origem a uma variante; portanto, como eu dizia, variantes, há muitas! A questão, então, não é tanto se há ou não variantes, mas antes qual o impacto que essas variantes têm na evolução da pandemia. A verdade é que a maioria das variantes não tem qualquer impacto e as que o têm é porque alteram uma de duas características do vírus: ou a sua contagiosidade, ou a sua virulência, isto é, a capacidade que o vírus tem de infectar pessoas e a capacidade que ele tem de provocar uma forma grave da doença.
Agora, fala-se muito da variante Delta, precisamente porque aumenta a contagiosidade da Covid-19: a variante Delta é 60% mais infecciosa do que a variante Alfa, previamente dominante. Além disso, também parece causar sintomas ligeiramente diferentes e ter mais propensão para obrigar a internamento hospitalar [ver fonte].
Mas o que mais nos preocupa é se esta variante é resistente às vacinas, porque, se for o caso, temos um problema muito sério. Felizmente, os dados que temos recebido são animadores: embora a variante Delta consiga reduzir um bocadinho a eficácia das vacinas, não lhes é totalmente resistente [ver fonte].
Note-se que, como sempre, quando falamos de eficácia das vacinas, estamos a falar, na verdade, de duas dimensões dessa eficácia; e é preciso destrinçá-las, às vezes: por um lado, interessa-nos que a vacina seja eficaz a prevenir a morte e o internamento das pessoas com Covid-19; por outro, interessa-nos que a vacina seja eficaz a prevenir a transmissão da Covid-19 duma pessoa para outra.
Portanto, quando eu digo que a vacina continua a ser eficaz contra a variante Delta, estou a falar da prevenção dos casos graves, porque, no que diz respeito à transmissão, de facto, as vacinas são bastante menos eficazes em relação à variante Delta [ver fonte].
É por isso que a variante Delta é tão falada, ao contrário de outras variantes que não têm estas características. Mas é também por isso que é tão importante vacinar o máximo de gente o mais rapidamente possível. Se não vacinarmos, corremos o risco de que surjam novas variantes, que venham a ser resistentes às vacinas que temos.