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Bom Filho

Bom Filho

18 de Março, 2021

O que fazer, se tiver estado com um caso positivo de Covid-19 e não for contactado pelos serviços de saúde?

Republicação do 18.º episódio de «Perspectivas em saúde», na Sinal TV [visitar]

Veja este artigo em vídeo:

Ou leia o texto:

Olá!

Para hoje, temos na ordem do dia a seguinte questão: o que fazer, se tiver estado com um caso positivo de Covid-19 e não for contactado pelos serviços de saúde?

Vamos por partes.

Perante um caso confirmado de Covid-19, a autoridade de saúde fala com ele, para fazer o inquérito epidemiológico. Este inquérito epidemiológico visa responder a duas questões. A primeira é: como aquela pessoa foi infectada. A segunda é: que pessoas podem estar em risco de ter sido infectadas pelo nosso caso confirmado.

Vamos passar a primeira à frente, por hoje, porque não interessa para a pergunta que temos em mãos, e seguir directamente para a segunda pergunta.

Para lhe dar resposta, pede-se ao caso confirmado que faça uma lista de pessoas com quem esteve em contacto desde o início do período de infecciosidade, ou seja, desde a altura em que a pessoa, independentemente de ter sintomas, se considera ser capaz de transmitir a Covid-19 a outros.

Na posse dessa lista, a autoridade de saúde vai avaliar o risco de cada contacto. Por exemplo, uma pessoa que esteve com outra, mesmo que sem máscara, por um período de tempo muito curto, sobretudo se for ao ar livre, não é um contacto de risco e não justifica ficar em quarentena. Um colega de trabalho, mesmo que passe muitas horas no mesmo escritório que o caso confirmado, se cumprir as recomendações da DGS em termos de distanciamento social, uso de máscara, etiqueta respiratória e lavagem das mãos, também não é um contacto de risco e não justifica ficar em quarentena. E um familiar que almoçou com o doente fora do período de infecciosidade não está, naturalmente, em risco e também não precisa de fazer quarentena.

Portanto, a autoridade de saúde identifica os contactos de alto risco e contacta esses — e apenas esses —, a fim de os colocar em quarentena.

Sucede, porém, que, frequentemente, o próprio doente informa os amigos, os colegas de trabalho, os familiares com quem esteve nos últimos dias de que está infectado e todos esses contactos, apesar de serem de baixo risco, ficam preocupados e decidem fazer quarentena, ou telefonam para o SNS24, que também manda ficar em casa até alguma autoridade de saúde falar com a pessoa.

Ora, a autoridade de saúde, conforme eu já referi, apenas telefona aos contactos de alto risco. Não há necessidade — nem tempo, na verdade — para estar a telefonar a todos os contactos de baixo risco, para lhes dizer que podem continuar a fazer a sua vida normal.

Portanto, concluindo: se não for contactado pela autoridade de saúde, é porque não é um contacto de alto risco e não precisa de estar em isolamento.

A única excepção ao que acabo de dizer são os contactos esquecidos, ou seja, aquelas pessoas com quem a pessoa com Covid-19 esteve durante o período de infecciosidade e se esqueceu de dizer à autoridade de saúde, durante o inquérito epidemiológico. Às vezes, acontece… Se tiver fortes razões para achar que o seu contacto foi de alto risco e possa ter sido esquecido durante o inquérito epidemiológico, o melhor é entrar directamente em contacto com a Unidade de Saúde Pública do Alto Tâmega e Barroso, para esclarecimento da situação.

Por isso, para concluir, vou elencar aqui os critérios que definem o que é um contacto de risco, para que não restem dúvidas. Então, considera-se contacto de alto risco:

  • Uma pessoa que esteve com um doente de Covid-19 a uma distância de menos de dois metros, durante mais de quinze minutos;
  • Ou em contacto físico com um doente;
  • Ou que teve contacto desprotegido com secreções contaminadas dum doente;
  • Ou que esteve em casa, na sala de aula, no escritório ou noutros ambientes fechados, com um doente, sem máscara, durante 15 minutos ou mais;
  • Ou que viajou com um doente:
    • Se foi num avião, são de risco todos os companheiros de viagem, todos os outros passageiros que tenham estado sentados até dois lugares a toda a volta do doente — para a frente, para trás ou para os lados —, e os tripulantes que serviram a secção do doente;
    • Se foi num navio, são de risco todos os companheiros de viagem, todos os outros passageiros que tenham partilhado a mesma cabine e os tripulantes que serviram a cabine do doente, para além de todos os que cumpram os outros critérios que referi anteriormente;
    • Se foi de carro, autocarro, ou outro meio de transporte, são contactos de risco todas as pessoas que viajaram com o doente, se se der o caso do meio de transporte não ter boa ventilação, não parar frequentemente com abertura de portas e não tiver redução da lotação máxima;
  • Para além disso, são também ainda contactos de risco as pessoas que prestam cuidados a doentes com Covid-19, se não usarem adequadamente os equipamentos de protecção individual recomentados pela DGS, consoante o tipo de cuidados prestados [ver fontes: 1 e 2];
  • E ainda os profissionais que contactam com produtos biológicos de doentes, se não usarem o equipamento de protecção adequado.

Portanto, resumindo: se esteve em contacto com um doente com Covid-19 em circunstâncias que não as que acabei de dizer, não será contactado pela autoridade de saúde, nem terá de fazer quarentena. Durante catorze dias, veja diariamente se tem sintomas compatíveis com Covid-19; meça e registe a temperatura corporal duas vezes por dia; cumpra à risca o distanciamento social e a etiqueta respiratória, lave frequentemente as mãos e use máscara; evite locais com aglomerações de pessoas em que a sua presença não seja essencial; e auto-isole-se e contacte a Unidade de Saúde Pública, se e só se vier a desenvolver sintomas compatíveis com Covid-19.

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